Relato de atividade em sala de aula

NA PALMA DA MÃO SOMOS TODOS IGUAIS

O Xadrez das Cores
05/11/2007
Ciências, Geografia, Matemática
Ensino Fundamental - Anos Finais
150
Verônica Prucoli Rody



Ao assistirmos aos filmes do DVD recém chegado à escola, percebemos que o curta "O Xadrez das Cores" nos possibilitaria trabalhar um tema que já nos incomodava há tempo: o preconceito racial.
Com a exibição do filme, percebemos que poderíamos trabalhar questões urgentes em nossa sociedade,tendo como objetivos:
- desenvolver uma maior tolerância nas questões raciais
- valorizar as diferentes culturas dentro do espaço escolar
- desenvolver atitudes de repúdio às práticas racistas
- reconhecer o legado cultural deixado pelo negro
- sensibilizar os alunos para os danos causados pelo desconhecimento da cultura negra, diante da origem do povo brasileiro
- perceber as limitações criadas pelo racismo, em nosso meio.

Após a sensibilização feita através de uma conversa em sala de aula e em seguida, a exibição do curta, resolvemos desenvolver um projeto na escola, que levantasse a discussão sobre o tema abordado no filme. A partir daí,criamos o projeto "Na palma da mão somos todos iguais", no qual foram desenvolvidas as seguintes atividades: - relatos de experiências racistas vividas por alunos negros, - levantamento de frases, charges e piadas de cunho racista para uma melhor sensibilização quanto aos danos causados pelo racismo - pesquisa sócio-econômica sobre a condição de vida dos negros - resgate das manifestações culturais do negro: danças, comida, música, vestuário, religião, línguas e outros - busca histórica das etnias negras que vieram para o Brasil - eleição da "Beleza Negra", na Escola - identificação da imagem do negro na mídia - levantamento de dados sobre a legislação de proteção à diversidade cultural étnica, no Brasil - identificação de personalidades negras famosas, no passado e atualmente, no âmbito municipal, nacional e internacional. - homenagem a personalidades negras do município que se destacaram em diferentes atividades. - realização de um júri simulado a partir da problemática apresentada no filme (racismo) - identificação geográfica dos principais quilombolas no estado - realização de uma passeata municipal de sensiblização, em relação à problemática causada pelo preconceito racial Procuramos dar um caráter interdisciplinar às atividades desenvolvidas, para uma melhor integração na construção do conhecimento.

Os trabalhos desenvoldidos a partir da exibição do curta "O Xadrez das Cores", tiveram momentos bem significativos e distintos. Logo nos primeiros momentos da exibição, os alunos acharam engraçado, com comentários até agressivos: "Eu dava na cara dela", "Que velha ruim", "Eu deixava ela morrer". Em seguida, os alunos foram tomados por uma indignação, quando então começaram a perceber quão violenta eram as palavras dirigidas à personagem Cida. Mencionaram: "Eu não traria acerola de casa para ela, não", "Eu dava logo dois comprimidos para essa velha morrer logo", "Eu ia embora". Percebemos neste momento que os alunos brancos sentiram um certo constrangimento diante do tratamento que a personagem Dª Estela dava para a Cida. Com o passar do tempo, os alunos ficaram em total silêncio. Percebemos que estavam refletindo sobre os fatos mostrados e houve quem associasse alguns fatos a sua vida. Era um silêncio ensurdecedor, pois nós professoras pensávamos: Como este aluno está se sentindo? Alguns alunos justificaram o preconceito que Dª Estela alimentava devido às atitudes egoístas que o marido tinha com ela.Justificaram mas não aceitaram, pois notamos uma certa alegria na expressão de alguns, quando perceberam que Cida dera a volta por cima, através do jogo de xadrez. Notaram que so seriam subjugados a uma outra pessoa, se eles permitissem. Descobriram através do filme que, através da força de vontade, de iniciativa, da perseverança, da inovação, podemos nos modificar e esta mudança irá refletir no mundo, se assim quisermos. Concluímos que este trabalho foi muito gratificante, ainda que seja pelo simples fato de mostrar a um outro ser humano o seu valor enquanto pessoa.