Assistir uma situação no qual o preconceito racial e a desigualdade social apresentam-se como uma realidade natural - e que precisa ser desconstruída - na vida dos seres humanos.O contexto do filme esboça uma relação que parece estar enraizada na cultura de nossa sociedade, onde a superioridade (pretensa) branca e patronal subjuga a vida de uma pessoa negra e com pouca condição material. Tal situação,exposta nos primeiros momentos do filme, se apresenta "naturalmente" até mesmo para a personagem Cida.
Em nossa escola recebemos uma grande quantidade de alunos negros e com baixa condição material. Assim, pretendemos trabalhar a auto-estima deles e também,uma possível transformação de nossa sociedade através de caminhos alternativos daqueles já estereotipados a respeito dos negros e pobres.
O curta foi apresentado no dia 24 de outubro em quatro sessões, totalizando 126 discentes. No cotidiano de nossos alunos acontecem diversas situações que demonstram dramaticamente a falta de perspectiva de vida e a aceitação da realidade social como estática. Um perigoso conformismo social. Nesse sentido entendemos a importância de se trabalhar com esse curta.
Na prévia da exibição apontamos a necessidade de observar como as situações do filme podem servir como espelho da vida dos próprios alunos. O elemento central representado pelo jogo de xadrez foi utilizado em um debate após a exibição como metáfora para que os alunos entendessem que existem outras possibilidades e alternativas para o crescimento pessoal e ascensão social.
Relatos por escrito foram propostos, para que o aluno demonstrasse suas impressões sobre o filme e também se em algum momento de sua vida ele já refletiu a respeito do tema.
Após análise dos textos, selecionamos alguns que se destacaram por algum comentário pertinente, para discutir novamente a necessária transformação da nossa sociedade.
Os momentos iniciais do filme são importantes para que a indignação dos expectadores fique bem evidente. A atenção para com o filme é obtida rapidamente,a princípio por achar engraçado, mas depois, por uma relativa raiva da personagem Maria.
A inqiuietação dos alunos aparece devido as sucessivas ofensas que a personagem Cida recebe de sua patroa, culminado com o desabafo generalizado no momento em que Cida alcança com o peão preto o final do tabuleiro resgatando a rainha e vencendo o jogo. Gritos e alguns aplausos surgiram espontaneamente.
Vários alunos também se manifestaram com breves comentários no sentido de perceber a situação de perda e vazio existencial da personagem Maria. Notamos que, no fundo, o sentimento que fica a respeito de pessoas preconceituosas não é a de vingança,mas sim, de pena e de perdão.
